Os cães ladram e a caravana passa
abafando o desconforto
e os ruídos da desgraça .
Não há
praias nem bandeiras,
mantras por montras,
cegueiras em vão.
Nem cravos
nem
foices nem machados
futuros ensaiados
ou glórias inventadas
de pessoas
distantes.
Nem heróis galopantes
manchados a sangue ou suor
nem velhos
estudiosos
ou novos românticos.
Morreram os cânticos de liberdade.
O conforto do lar feito prisão
as persianas fechadas
os
punhos vencidos pelo cansaço
as frescas pétalas de outrora
palha de aço, a
areia feita alcatrão.
As janelas do mundo
entre quatro paredes
florestas de
betão.
A sofreguidão de não sentir desejo algum.
Nem a pureza
ou a suposta leveza da juventude
E tudo se repete
numa canção tão insuportável como
imperceptível.
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