Se me visses esta noite
entre os ventos fortes e a melancolia
saberias com certeza
que no correr das horas certas
deste dia luminoso
o meu peito foi deserto
e aguardente nos teus sonhos.
Que os olhos
cujas lágrimas lambeste
de forma tão doce e doente
não vêem outros marinheiros
ou outras velas que não tuas,
nem me levantam outras gruas
ou sabem caminhos de grutas
línguas alheias aos poemas.
Se me visses meu amor
de caracóis despenteados
baços e mal lavados,
de olheiras fundas
e pupilas dilatadas
boca seca e lábios gretados...
Se me visses esta noite
saberias com certeza
que a minha pureza
pode apenas ser saciada
pelo meu leito partilhado
com o teu leite nos meus seios
e o meu peito ocupado
pelas tuas mãos geladas
e pela memória do deserto
esquecida no aperto
de uma noite que não esta.
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