O som que as garrafas partidas
fazem nos meus pés descalços
assemelha-se vagamente
aos meus lábios inchados
que incessantemente
jorram sangue na calçada.
E nas escadas
os degraus continuam tortos
e encavalitados.
E é essa imensidão
que nos transtorna e engole
que inflige chagas profundas
que um dia nos deixarão
cair no esquecimento
para nos juntarmos
aos outros nós.
Impulsos tão fortes
sem a repulsa que gostaria de ter
na minha alma de luto
de animal ou mulher
ou nada absoluto
como havia prometido
e aprendido com ele.
Mas se fico e aceito
que o vidro que pisei
ou as varas secas de betão,
eram no fundo verdes campos
onde crianças brincavam
não tenho outra solução
senão a de partir para outra casa
sem reminiscências do passado
nem saudades do futuro.
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