A beleza grotesca do teu estômago nu
em completa distenção
e o cheiro insuportável a borracha queimada
que me perfurou as entranhas
perturba-me o sono.
A pureza enjoativa do teu sorriso primaveril
espelhado em cada canto
dessa falsa nudez adolescente,
tão rude como bela
qual a inocência reminiscente
nas profundezas do que fui,
agora aborto estéril de olhos arregalados.
E o que em mim se faz curto
e que em ti se prolonga
em nós não é mais do que nada
ou sequer a estrada corrida por outros,
nem o espaço que galga
de cá para lá incessantemente.
Nem o teu corpo ou o meu.
Nem mesmo o nosso
que se perde no tempo
e se encontra algures
sem saber como nem porquê.
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