segunda-feira, 21 de janeiro de 2013
Fosse eu outra coisa
Fosse eu outra coisa.
Tivesse eu outro corpo
ou não tivesse corpo de todo.
O absoluto da alma,
a alma em absoluto
colada ao tecto
poderia pingar confortavelmente
levemente
no tapete de arraiolos.
Não tivesse eu voz
nem mãos
e seria pura finalmente
esta constante sensação
de ódio e desprazer.
Seria normal a indiferença
e a doença crónica
de sonhar desnecessariamente.
Com a carne e o cabelo
pintei a porta manca
e imprimi fundo na madeira branca
o sangue dos meus lábios
na acidez do mergulho
finalmente feita cinza
para a caruma me dizer
que a minha porta não tem trinco
nem sou eu esta outra coisa.
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