O tempo passa
corre
escorre-me pelas mãos
escasseia
e cai no no chão
nas gretas que abri
nas fendas
de madeira maciça
que ninguém gosta
ou gosta de admitir
gostar de imitações.
Lembra-me outra vez
como foi que partimos
em dois
e estilhaçámos depois
em ínfimos pedaços
a virgindade de aço
prometida
em plena erecção.
Se eram tuas
as histórias
e os sermões
que me pregavas
os murros
que não tão secretamente
desejavas
ver explodir
no meu corpo.
Eu
que sempre tive a pele sensível
quão terrível seria
deixar marca.
O que diriam os outros.
Certamente
que a escuridão do magenta
realça o azul dos meus olhos.
E que
mal por mal
e como nunca usei relógio
poderei ter o prazer
de ver a nódoa esbater
e o tempo passar
para que da próxima vez
se houver uma próxima vez
me possa queixar
com ardor e razão
das saudades que tinha
e da falta que fazia
ter um sítio onde doer.
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