Começa assim,
com as minhas mil
mortes e mais uma
entre chocolates
e cravos caídos,
o fim de outro
mundo perdido em tantos
sem tempo para
prantos nem lembranças.
Mas no momento de
apertar a tua mão pálida
a tremer gemidos de
ressurreição
quis a razão ou a
esperança
que eu fosse
engolida sem perdão
e fizesse das
minhas mágoas prazeres.
Passeio o cadáver
pela cidade,
agora necrópole
crepitante
descarnando a
cada passo
a agonia
balbuciante
da saudade do teu
abraço.
Levo ainda no
regaço aconchegado
o cheiro a cabelo
suado
que me deixaste
nos lençóis
e os teus olhos
feitos faróis
fixos na catarse
do reencontro
humedecidos pelo
luto iminente.
E afogo
nas águas escuras
da ambivalência
a minha
preferência pelo desvario
e a inevitabilidade da revolução
com o sufoco na
garganta
de quem não canta
por embaraço
e se enrola vezes
sem fim
nas ondas frias
da dormência e do cansaço
espumando a minha perpétua insatisfação.