A minha rua cheira a café torrado
e a copos de leite derramados por amigos.
A minha rua cheira a velho
e mijo de cães vadios perdidos no caminho.
A minha rua cheira a árvores e bolotas,
cheira a botas mal lavadas
pela chuva que cai de vez em quando.
A minha rua é violenta
e tem pombos nos passeios,
a calçada é cinzenta
e o sol não chega nunca.
Na minha rua a gente passa
com o passo apressado,
na esperança crua e lenta
de chegar ao outro lado.
A minha rua tem faróis e nevoeiros,
tem ventos passageiros
por entre as casas de betão.
A minha rua é igual a todas
e todas as ruas são iguais à minha…
O que tinha esta partiu para parte incerta
e afogou-se noutra lama.
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