quarta-feira, 16 de novembro de 2011

A dança das putas tristes

O cheiro a queimado
dos pavios
no palácio das velas de cristal...
Olhai para elas tão belas,
que putas tão bem vestidas,
bailando ao som
de tristes violinistas.

Os seus seios descobertos
alerta a qualquer movimento mais audaz.
Que caminhos tão incertos
toma esta gente
quando abunda a aguardente
e a droga no bar.

Não tema senhora!
Sou burguês
e o meu órgão está apenas
à mercê das suas lindas mãos!
Desvie os olhos da faca
e oiça os calabouços
das jóias e do ópio!

Sim, meu bom homem,
mas já não é sangue nem sémen
o que brota destes olhos,
agora só molhos de rosas
e a mais pura das águas
escorrem por esta face.
Veja, veja senhor
o mal que o amor me fez!

Mas dança puta,
dança por enquanto não te cansas
o balanço do teu corpo
é o avanço de outras coisas.
E se poisas no chão
hás-de ver a minha mão
esbofetear-te com lembranças.

E o baile não pára nunca,
entre o fumo dos cigarros
e os sorrisos rasgados
das senhoras.
Que encanto,
que deleite!
Saber que as podemos ter no leito
numa noite como esta.
Porque não?
Se o coração já não diz nada
e não passamos de bestas embriagadas
no hospício da solidão...

Sem comentários:

Enviar um comentário