A teia ao canto do tecto
permanece imóvel
à minha chegada
e a serenidade da aranha
faz-se tua enquanto tricoto
lençóis de algodão
no fingimento da mecanização.
E é tão egoísta pensar
que nunca cheguei a partir
da outra margem
e nunca te deixei chegar,
que qualquer vento norte
me poderá desorientar
e fazer voltar a sítios
de onde nunca fui realmente.
Como explicar-te, meu amor
que o meu coração se esvazia cada dia
e que o meu horizonte se estende
cada vez que abro os olhos
e vejo
que o que não quero ver
foi o que tive em tempos.
Como dizer-te
que o meu medo
não és tu mas eu,
que o meu fingimento
tem limites
e o esquecimento a que me propus
fez com que o poço
perdesse o reflexo
e me chamasse com um abraço.
E as coisas sem nexo
que espalho por ti
não são mais do que gotas de orvalho
que te faço lamber dos meus seios
convencendo-te
que não é veneno.
Mas é.
E fico absorta nestes pensamentos
mesmo que os teus
não passem de uma ideia adormecida...
E as mentiras mal paridas
não fui eu que as contei
porque sempre acreditei
em histórias para adormecer.
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