sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Ricardo

A tua barba arranhava
Em aventuras incorrectas,
Sítios que eu tanto queria
Com as línguas feitas setas.

Não fosse a tua cara feia,
Os traços rudes de magreza
Não me perdia na teia
De estrangeira estranheza.

As vezes que já se fechou
O olho sujo de traição,
Todos os dias me dou
Na minha cabeça, em vão.

Ai Ricardo, se soubesses
A agonia que me trazes
Quando oiço os lábios finos
Proferir malditas frases...

A garganta não segura
O meu coração a cem
E heis-que o silêncio perfura
Para o nosso próprio bem

Fosse Ricardo o teu nome
Ou o meu inglês perfeito
Matava esta minha fome
E calava-te no leito.

(Março 2009)

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